[Novel] Watashi no Shiawase na Kekkon - Capítulo 3
Novel "Watashi no Shiawase na Kekkon" (My Blissful Marriage) - em português.
Capítulo 3
Arroz Frio
Após deliberar um pouco, Miyo decidiu preparar o café-da-manhã.
Apesar de inicialmente ter pensado que cozinhar não era algo que atribuiriam a esposa do chefe da família Kudou, como esse compromisso era algo incompatível desde o princípio, ela mudou de ideia. Miyo sabia que não importava o quanto tentasse, ela nunca poderia se tornar uma esposa que usaria vestidos bonitos e sorriria com felicidade. Se fosse para ela ser expulsa da casa por isso, então agora era a hora para fazê-lo.
Além de que, ela estava preocupada com Yurie. Ela parecia ser uma criada comum, mas provavelmente era difícil para ela descer todos os dias, de manhã, para preparar as refeições em sua idade. Se esse era o caso, Miyo achou que era melhor ela mesma fazer isso.
Bem, essa era a desculpa dela caso ela fosse censurada.
Aqui estão os ingredientes… Eu vou preparar um pouco de arroz e sopa de missô[1], e grelhar um pouco de peixe. Quanto aos vegetais…
Miyo preparou a comida em silêncio enquanto pensava consigo mesma.
Originalmente, a preparação da comida era o trabalho de um chefe, mas Miyo também conseguia cozinhar até um certo ponto. Isso era porque, quando ela estava na casa Saimori, Miyo não recebia nenhuma comida mesmo que ela esperasse. Falando diretamente, ela não era uma servente, mas ela definitivamente não era considerada um membro da família. Como tal, não era possível que a comida luxuosa preparada para seu pai, sua madrasta e sua meia-irmã, fosse servida a ela.
Assim, Miyo só podia fazer uso dos ingredientes que sobravam na cozinha para preparar uma refeição para si. Se não houvessem sobras, ela não tinha escolha a não ser passar fome.
Após cozinhar por um tempo, a porta da cozinha se abriu para revelar Yurie.
“... Miyo-sama?”
“Bom dia, Yurie-san… Me desculpe por fazer isso sem permissão.”
“Bom dia, Miyo-sama. Não há necessidade para a senhorita pedir minha permissão ou qualquer coisa do tipo de mim. Miyo-sama está aqui como noiva do jovem mestre[2].”
Yurie sorriu alegremente, acenando, indiferente. Se qualquer coisa, ela se desculpava por permitir que a futura dama fizesse tais tarefas.
Eu posso ter feito algo desnecessário…
Miyo não pretendia fazer Yurie se desculpar. Conforme ela se sentia cada vez mais arrependida, uma mão quente tocou gentilmente suas costas, fazendo-a erguer a cabeça.
“Miyo-sama, por você oferecer sua ajuda a uma velha mulher enrugada como eu. Eu sou imensamente grata.”
“...N-Não foi nada…”
Miyo respondeu com uma voz abafada. Yurie era de uma estatura menor do que Miyo, mas o calor de seu sorriso permeou através do coração de Miyo.
“Tudo bem, ainda há algum tempo antes do mestre acordar. Têm outras coisas que precisam ser feitas também. Eu poderia deixá-las para você, Miyo-sama?”
“Sim, bem, se estiver tudo bem…”
Yurie acenou satisfatoriamente a resposta de Miyo. Ela se preparou e deixou a cozinha num piscar de olhos.
Os sentimentos depressivos que Miyo havia tido se dissiparam ligeiramente enquanto ela rapidamente acabava de preparar o café-da-manhã como havia sido confiado a ela. Yurie aparecia na cozinha de tempos em tempos enquanto ela trabalhava. Quando ela ouviu que Kiyoka estaria pronto logo, Miyo colocou a comida que já estava pronta no prato.
Apesar de não estar no mesmo nível da comida de um chefe, ela estava bem feliz com o resultado.
Quando Miyo foi para a sala de estar com Yurie, Kiyoka já estava sentado, lendo o jornal.
“Bom dia, jovem mestre, o café-da-manhã está pronto.”
“Dia… Eu não te disse para não me chamar de jovem mestre na frente dos outros, Yurie?”
Apesar da expressão dele ter ficado azeda, Kiyoka ainda era incrivelmente belo. Sua perfeita aparência era tão ofuscante que Miyo era incapaz de olhar para seu noivo e teve que desviar o olhar.
“Jovem mestre, o café hoje foi preparado por Miyo-sama.”
Ao ouvir as palavras de Yurie, Kiyoka finalmente pareceu notar a existência de Miyo. Como ela estava acostumada a ser ignorada, Miyo não estava particularmente ferida ou nada do gênero. Pelo contrário, a atenção a fazia se sentir desconfortável.
“...É mesmo?”
“Sim! Miyo-sama é muito boa na cozinha. Ela ter preparado o café hoje me ajudou muito.”
Sendo honesta, Miyo se sentia como se ela fosse ser repreendida. Como alguém que deseja se tornar a futura esposa do chefe da família Kudou, era inapropriado para ela cozinhar. Contudo, logo ficou evidente que Kiyoka tinha outra coisa em mente.
“Sente-se aqui.”
Ele ordenou com olhar e voz gélidos. Miyo fez como ordenado e se sentou na frente da comida que estava disposta para ela. Então, Kiyoka não pegou seus chopsticks[3], ao invés disso disse a Miyo:
“Você come primeiro.”
“Eh…”
Ela não estava permitida a comer antes do mestre. Isso era algo que estava cravado profundamente na consciência de Miyo, o que resultou em sua hesitância. Apesar de Yurie ter posto a mesa para ela, Miyo não tinha nenhuma intenção de comer antes de Kiyoka. A ideia de comer a refeição antes de outra pessoa era inconcebível na mente de Miyo.
Contudo, não havia forma de Kiyoka saber os pensamentos de Miyo, que hesitava em comer.
“Não pode comer?”
A voz baixa e inquisidora enviou um arrepio pela espinha de Miyo. Vendo-a tremer, Kiyoka pareceu ter encontrado sua resposta.
“I-Isso…”
“Hmph, então você envenenou a comida. É tão fácil ver através da sua artimanha.”
“Eh…”
“Veneno…!?”
Yurie exclamou em choque, enquanto Kiyoka se levantou ameaçadoramente.
“...Tire isso daqui. Eu não sei o que você colocou aqui, então eu não posso comer isso. Faça um trabalho melhor da próxima vez se você planeja me matar.”
Kiyoka cuspiu essas palavras e saiu. Yurie ansiosamente correu atrás dele, deixando Miyo sozinha no cômodo. Sua mente que havia ficado completamente vazia finalmente processou o que havia acabado de ocorrer. Kiyoka pensou que Miyo queria assassiná-lo.
Como ele não sabe o que tem na comida, ele não pode comê-la…
Pensando nisso, Miyo se lembrou que seu pai também era muito cauteloso com seus arredores. Quanto maior o poder que alguém tinha, maior a probabilidade dele ser um alvo. Certamente, Kiyoka deve ter sido um alvo em muitas ocasiões. Com veneno como uma de muitas coisas, ele tinha de ser cuidadoso.
Me sinto flutuante.
Ela deixou a casa de sua família e veio para cá, e teve um trabalho confiado a ela por Yurie. Ela deveria ter percebido o quão estranho era para uma dama de uma distinta família ser capaz de cozinhar com tanta habilidade. Não era de se admirar que ele suspeitasse dela. No entanto, ela não esperava que a hora em que seria enxotada chegaria tão cedo.
Ela tinha falhado.
Ela estava errada desde o princípio. Miyo havia feito algo supérfluo. Ela tinha sorte dele não a ter cortado lá naquele momento.
Com as mãos tremendo, Miyo pegou com os chopsticks um pouco do arroz que havia sido deixado lá e tinha um gosto levemente seco em sua boca. Ela deveria estar acostumada a comer arroz frio sozinha, mas por alguma razão, ela se sentia como se estivesse engolindo pedras.
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É isso por hoje galerinha! Espero que estejam gostando da história. Devo postar mais alguns capítulos agora em Dezembro, em um especial para o Natal.
Até lá.
Notas:
[1] Sopa japonesa contendo tradicionalmente: missô, hondashi, tofu, cebolinha, e água. Mais informação em: Mundo Nipo.
[2] Adaptado do termo japonês “Bocchan”, que pode significar “jovem mestre”, “filho” ou “menino”. Mais informação (inglês): JapanDict.
Fonte (inglês): Novel Cool | Tradução: Ana Oliveira
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